Repelido pelos seus próprios concidadãos (nasceu em Diecimo, perto de Lucca, em 1541, sétimo filho de Tiago e Joana Lippi), que o tinham como enviado da inquisição, abandonado por muitos de seus religiosos, são João Leonardo viveu dez anos num providencial exílio romano. Aí teve a oportunidade de estreitar amizade com são Filipe Néri, com o douto cardeal Barônio e com são José Calasans, e de fazer-se apreciar pelo papa, que lhe confiou várias missões delicadas. Esteve em Nola, em Nápoles, em Montevergine, onde era necessária a mediação de homem sábio e caridoso para levar aos antigos mosteiros a disciplina e o primitivo espírito religioso.
Ainda jovem, João Leonardo foi mandado a Lucca para aprender a arte de farmacêutico. É admirável que, achando-se na cidade sem nenhum controle da família, jovem e com dinheiro, João tenha pensado em construir uma associação juvenil, sob a direção do dominicano Bernardini, com o fim de realizar uma vida cristã mais intensa com a oração em comum e a generosa assistência aos pobres e peregrinos. Não obstante estas credenciais, o seu pedido para entrar na Ordem franciscana não foi aceito.
Aos vinte e seis anos deixou a farmácia, e sob a guia de Bernardini, empreendeu os estudos eclesiásticos e na Epifania de 1571 pôde celebrar a primeira missa. Na igreja de são João de Magione, que lhe foi confiada pelo bispo, realizou a sua grande aspiração, fundando uma escola para o ensino da doutrina cristã. O sucesso de sua obra alcançou adesões e amigos, junto com os quais fundou em 1574 a Congregação dos padres reformados que em 1614 recebeu a denominação definitiva de Clérigos Regulares da Mãe de Deus, com sede junto à igreja de Santa Maria da Rosa. O grande apóstolo do século da Reforma pagou com muitas tribulações a coragem de pregar e de sustentar, de todos os modos, a necessidade de volta à genuína prática do Evangelho, numa época de decadência geral dos costumes.
Após ter empreendido a reforma religiosa de vários mosteiros e de paróquias com espírito religioso dinâmico (doutrina cristã e comunhão frequente), impulsionado pelo zelo missionário, pensou e programou juntamente com o espanhol Vives uma congregação de sacerdotes que se dedicassem à propaganda da doutrina cristã entre os infiéis. Passou os últimos anos em Roma, onde morreu a 8 de outubro de 1609. Beatificado em 1861, teve a solene canonização em 17 de abril de 1938.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
Fonte: Liturgia Diária CNBB